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Agora, as vozes. Os gestos tão quotidianos. As presenças que pairam. 1 - Um canto, um assobio, uma palavra nova. As onomatopeias da terra, a estrita concisão. O pio, o grito, o assobio, às vezes o lancinante silêncio. O chamamento. Os nomes, poderosíssimos. A vida ciciada, os passos nocturnos, uma dor que geme. A flor dos domingos. O predicativo sangue. 2 – A faca oficiante. A cesta, símbolo pujante das húmidas alvas. A fome da vida, jamais saciada (os animais que esperam pela hora quente). As mãos súbitas, precisas, as mãos consoladoras. A revelação de uma arte ínsita, que é a arte das coisas menores. O impulso produtivo, o olhar longo, os árduos estribilhos da terra. A mão pelo rosto, o olhar para dentro. 3- A porta entreaberta aos verões antigos. O que pulsa na presença inteira, a sua decifração pelos modos de estar. O bordado paciente. As uvas que pendem. A mesa que reúne. Os signos do nosso definitivo alfabeto, que excluem o tempo.
As vozes; os gestos; as presenças: toda a simbologia é uma arte de morrer devagar.