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Abre-se, pois, essa flor conjuntiva. Procura os lugares onde a vigorosa pulsão da vida cria sóis instantâneos. Um é junto ao lume, compreende o alimento, o fogo, as harmonias. É onde ferve a água lustral das comunhões, onde o antes e o depois são confinantes, onde a presença é um ouro preservado. Outro, conduz ao íntimo da casa, à secreta, lenta, permanente fábrica dos sonhos, ao labor uterino da vida. Fecha-nos. Remete as distâncias para a mera geografia da matéria, porque impede e circunscreve. E porque, pacientemente, lapida no sangue o diamante intemporal. Antes, outro ainda, é o lugar desencontrado das premências. É onde rui, definitivamente, o dique das emoções, onde desaba toda a sofreguidão das torrentes. É um lugar que remete e antecipa, que mílímetro a milímetro nos devolverá a identidade inteira. Aí, mais tarde, sob um céu de ramas ancestrais, serão as palavras o selo que se quebra.