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A jarra é de sécias dessa manhã. Ainda tocadas pelo halo quente da noite. Ainda virgens, ainda indecifráveis, ainda encharcadas de orvalho e vagar. Elas centram o mundo, dispõem-no para o que chega em coordenadas puras, assim definindo os domínios consagrados. Agora é tudo para dentro. O dom da palavra é para dentro. A fabulosa interacção do sangue, a explicação dos sítios, os passos medidos, o núcleo primitivo, são para dentro. Alguém há-de cantar. Dentro do silêncio.
Uma a uma as portas fecham-se. Delimitam do espaço interior o caminho que finda. A sua função congregadora é-nos familiar e propícia. Abrem para dentro. Preservam. Recriam o nosso íntimo universo, de cujo centro parte a luz irradiante.